segunda-feira, 30 de julho de 2012

Esta é uma história real


No inicio dos anos 60, em uma cidadezinha na região Nordeste, existia uma senhora muito religiosa, caridosa com o próximo, um ser humano maravilhoso,  daquelas pessoas que não fazia mal a ninguém. Toda semana ela escolhia dois dias para ir visitar uma igrejinha que tinha dentro de uma mata fechada. Esta igreja chamava-se Cruzeiro de Santo Antônio.
Voltando um pouco para esta cidade, esta senhora era esposa de um comerciante bem situado na cidade e dono de sítio nos arredores. Ele era um homem muito bruto e ignorante com sua esposa e filhos.
Então, tudo que cercava aquela mulher eram coisas desagradáveis, no entanto jamais a encontrava com a cara feia, podia até encontrá-la chorando, mas entre as lágrimas ela ainda te olhava e fazia um ar de riso.
Eu cada dia ficava mais encantada com aquela bondade, nos meus sete anos precoce fiquei muito curiosa para saber como ela subia a serra para o Cruzeiro rezando o terço e ajoelhando-se no caminho em cada estação – era o que as pessoas falavam, até lhe chamavam de beata.
Um dia eu falei para ela “quando a senhora for para o Cruzeiro me avise que eu vou com a senhora”, ela ficou muito feliz porque eu me ofereci para ir, pois ninguém ia com ela. Ela ainda perguntou se minha mãe deixaria e respondi que sim.
Em uma sexta-feira ela disse que nós iríamos à tarde, eu fiquei naquela euforia e curiosidade...
Começamos a caminhada, antes de entrarmos na mata tinha uma rua que era uma ladeira enorme e a última casa desta rua era a casa do vigia da mata, e sua esposa viu quando entramos mata dentro. O tempo começou a mudar ficando nublado. Aqui acolá ela se ajoelhava e eu também, mesmo sem entender nada só sentia que aquela criatura era diferente, nos passava confiança e uma paz muito grande. O caminho era estreito, nos lados o capim era da nossa altura, o chão cheio de folhas secas, por umas duas vezes as aranhas caranguejeiras passaram por cima dos meus pés. Chegando à igrejinha o céu estava trancado de chuva, era muito vento, relâmpagos, trovões e chuva, muita chuva. Eu comecei sentir frio, comecei a tremer, dentro da capela tinha goteira por quase todos os lugares. A senhora bondosa tirou o vestido e me enrolou, fiquei mais aquecida e deitei num banco, olhando para cima vi uma cobra – fiquei tremendo de medo – mostrei à senhora e ela falou na maior calma que daqui a pouco iríamos embora.
Eu não tirava os olhos da cobra, mas ela não saia do lugar. Foi então que percebi era apenas a pele da cobra.
 A tarde caía, e cada vez mais ia ficando escuro dentro da mata, foi aí que ela decidiu que voltaríamos mesmo chovendo. Eu estava morrendo de medo, entretanto, rezávamos e pedíamos a Deus proteção. Já estávamos na metade do caminho, quando de repente a nossa frente aparecem dois homens vestindo capas de chuva pretas, nos assustamos, porém logo reconhecemos um, era o vigia que tinha vindo a nossa procura, pois sua esposa havia falado pra ele que nos viu entrar na mata, e não nos viu voltar.
Assim que os homens se aproximavam da gente ela só se preocupava comigo, mandou que eu me enrolasse na capa e falou para me levarem no braço, pois eu estava muito cansada. Chegando à cidade estava todo mundo preocupado, principalmente minha mãe.
Esta foi mais uma das minhas aventuras e essa senhora me deu uma grande lição de amor ao próximo e fé nessa força maior, que é Deus.

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